ORIGENS
O povoado de Vitoriano Veloso, antigo Arraial do Bichinho como popularmente é conhecido, identifica-se com o que foram os primitivos povoados mineradores das Gerais. Surgiu nos primeiros anos do século XVIII, com a descoberta de ricas lavras de ouro em território pertencente a São José D'el Rei, atual Tiradentes.
Situado entre Tiradentes e Prados, ergueu-se em função do ouro, tendo como região mais produtiva um sitio denominado Gritador, ou, segundo a linguagem popular, "Greta D'ouro", evidenciando a existência deste mineral no local. A produção devia ser de algum vulto pois, em torno da mineração se reuniu pequena aglomeração humana, provavelmente fixa, chegando a ser necessária a construção de casas e de uma capela, a de Nossa Senhora da Penha. Esta edificação teve construção iniciada por volta de 1732, sendo concluída quase meio século mais tarde, em 1771. As torres foram acrescentadas no início do século XX. Sua fachada simples não evidencia a riqueza de seu interior, dominado por belíssimas pinturas em estilo rococó. A ornamentação pictórica é atribuída a Manoel Victor de Jesus, que soube valorizar, sobretudo, os forros e púlpitos da igreja. Foi tombada pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)7 em 1949, sofrendo acréscimos na parte lateral de sua edificação, dois anos mais tarde. A principal festividade religiosa ali celebrada, a festa da padroeira realiza-se no mês de setembro, com barraquinhas e banda de música, congregando toda a população e mais visitantes de municípios vizinhos.
Ao lado deste monumento religioso, o povoado conserva ainda um significativo conjunto de moradias oriundas dos séculos XVIII e XIX. Hoje, o povoado é uma seqüência tanto de casas antigas quanto recém construídas, que apesar disso mantém o estilo rústico devido ao largo uso de adobe nas novas construções - que servem tanto como residências quanto como oficinas, ateliês, lojas de artesanatos.
ARTESANATO
Bichinho se orgulha de ser uma das grandes concentrações de artesãos do Circuito Trilha dos Inconfidentes. Apesar do vilarejo já possuir, desde antigamente, uma certa cultura na produção de artesanato de esteiras de taquara, e de pequenos adornos de bijouteria fabricados para industrias de ourivesaria de Tiradentes, um dos maiores impulsos dado ao artesanato na comunidade do Bichinho, aconteceu através do artista plástico Toty (Antônio Carlos Bech). No início dos anos 1990, ele criou a Oficina de Agosto que, além de loja, funciona como uma escola de artesanato. Sua chegada provoca uma pequena revolução no vilarejo. Aliando preocupação ecológica e comunitária, Toti desenvolve um grupo de artesãos locais, e comanda a produção de uma arte coletiva diferenciada e inovadora, com o uso de materiais reciclados encontrados na região. O artista conta que a oficina chegou a contar com mais de 100 funcionários: “Hoje temos 50 funcionários e 100 terceirizados. Houve um movimento inverso de fluxo de mão de obra. Antes o povo saia em busca de trabalho. Tinha gente que era pedreiro e hoje toca máquina de costura. Hoje temos que buscar mão de obra fora, como em Prados, por exemplo. Trabalhamos com pessoas inexperientes. Os que ficam experientes saem e vão montando suas lojas". Pois foi o que aconteceu com o antes pacato vilarejo, que se viu sendo tomado por uma grande quantidade de lojas e ateliês que alegram e colorem o ambiente.
A criatividade e simplicidade desses artesãos chamam a atenção dos visitantes. As peças e pinturas nascem do aproveitamento de material de demolição, madeira, ferro, lata, plásticos e tecidos de algodão. A qualidade das peças é que garantem as exportações para vários estados do país e até para o exterior. Móveis, telas, bordados, fuxicos, crochês, tapetes, esculturas e adornos em geral estão por toda a parte.
Vale destacar também a produção artesanal de doces, tradição que é passada de geração em geração (foto ao lado) e os restaurantes que servem a tradicional comida mineira feita no fogão a lenha.
O histórico povoado fica a 7km de Tiradentes, com acesso pela estrada de calçamento e que proporciona um visual encantador da Serra de São José.
Confira algumas fotos antigas do vilarejo (Fonte: Fundação João Pinheiro. Assessoria Técnica da Presidência. Belo Horizonte:, 1980
Artesã confeccionando bijouterias